Quando chega esta altura do ano, o Outono, aumenta a vontade
de ficar no sofá, a beber chá (ou cappuccino) e a ler...normalmente, vontade de
ler, ou melhor, reler Agatha Christie, passar mais algumas horas na companhia de
famosos detectives como Hercule Poirot. A tentação, de passar mais tempo a desvendar mistérios com este velho ami, acaba
por se desvanecer pois há uma lista
de novos livros a descobrir. Este ano foi diferente! Na semana passada passei algum tempo a matar saudades, deste curioso detective, no novo livro de Sophie Hannah
– “Os Crimes do Monograma”.
Há um ano, quando descobri que Poirot ia ser ressuscitado
pela mão de outra escritora, que não a rainha do crime, inicialmente e como grande fã de Agatha Christie, não gostei da ideia. Mas, inevitavelmente, fiquei
super curiosa de saber como seria a nova aventura e cheguei a imaginar como
poderia ser.
E confesso que acabei por esperar com alguma ansiedade a
chegada do novo livro…
Quando comecei a ler este novo livro, achei que não estava a sentir a
duquesa da morte naquelas páginas, talvez como seria de esperar, que aquela personagem tão familiar (Poirot) estava diferente, cheguei a achar que estava relacionado com a
tradução. O tradutor que me perdoei. Mas, como leitora de Agatha Christie em diferentes edições e traduções (apesar de
algumas pessoas criticarem a minha colecção) também sei que não é o mesmo que ler
no original, que a tradução pode ter muita influência. (Sim, claro que eu podia ter tentado ler logo o original!)
À medida que a história se foi desenrolando, Sophie Hannah acabou por me surpreender. No entanto, o desfecho da história, a habitual
exposição da solução do crime, por parte de Poirot, tornou-se confusa e até
desinteressante, abandonei o livro por uns dias e levei mais tempo a
ler a parte final que o restante livro. Algo que nunca aconteceu antes, pois as
últimas páginas são aquelas que percorro com maior velocidade.
Senti que a escritora precisou de caracterizar
excessivamente o Poirot, colocar todas as curiosidades e particularidades num
só livro, aquelas características que os conhecedoras da obra de Agatha
Christie foram avaliando ao longo de várias histórias. Mas, percebo igualmente essa necessidade, pois há sempre
novos leitores, os que possivelmente vão conhecer o brilhante detective belga,
pela primeira vez, nas páginas do seu livro.
Apesar de gostar da maioria dos livros de Agatha Christie, reconheço que nem todos são excelentes, como tal, esta nova aventura de Poirot iguala-se a esses.
Acredito que este será o primeiro de muitos, que vamos continuar a acompanhar as aventuras de Poirot e bem sei que não vou resistir, que vou querer saber o que anda a investigar este mon ami.
"(…)Perguntei onde ele vivia, esperando que a resposta fosse "França"; descobri um pouco mais tarde que é belga e não francês. Em resposta à minha pergunta, ele caminhou até à janela, puxou a cortina rendada para o lado e apontou o edifício largo e elegante que ficava a trezentos metros, no máximo.
- Vive ali? - disse eu. Pensei que tinha de ser uma piada.
- Oui. Não quero estar longe de minha casa - explicou Poirot. - Agrada-me muito poder vê-la: é uma vista bonita! - Olhou para a mansão com orgulho, e por uns momentos perguntei-me se se esquecera de que eu estava ali. Então, ele disse: - Viajar é uma coisa maravilhosa. É estimulante, mas não repousante. No entanto, se não vou para algum lado, não haverá vacances para a mente de Poirot! O transtorno chegará de uma forma ou de outra. (…)"
Os crimes do Monograma - Sophie Hannah
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